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O que é o Transtorno de Déficit de Atenção com ou sem
Hiperatividade (TDAH)
Antes de sugerir que um aluno tem hiperatividade, veja se é
sua aula que não anda prendendo a atenção. Cinco pontos essenciais sobre esse
transtorno
À primeira vista, a estatística soa alarmante: de 3 a 6% das
crianças em idade escolar sofrem com o Transtorno de Déficit de Atenção com ou
sem Hiperatividade (o nome oficial do TDAH), que muita gente conhece somente
como hiperatividade. Quer dizer então que, numa classe de 30 alunos, sempre
haverá um ou dois que precisam de remédio? Não. Na maioria das vezes, o
acompanhamento psicológico é suficiente. E, se o problema for bagunça ou
desatenção, vale analisar se a causa não está na forma como você organiza a
aula. "Geralmente, a inquietação costuma estar mais relacionada com a
dinâmica da escola do que com o transtorno", diz Mauro Muszkat,
especialista em Neuropsicologia Infantil da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp). Quando o caso é mesmo de TDAH, são três os sintomas principais:
agitação, dificuldade de atenção e impulsividade - que devem estar presentes em
pelo menos dois ambientes que a criança frequenta. Por tudo isso, nunca é
demais lembrar que o diagnóstico precisa de respaldo médico. Veja cinco pontos
essenciais sobre o transtorno.
1.Agitação não é hiperatividade
Há dias em que alguns alunos parecem estar a mil por hora e
nada prende a atenção deles. Isso não significa que sejam hiperativos. O
problema pode ter raízes na própria aula - atividades que exijam concentração
muito superior à da faixa etária, propostas abaixo (ou muito acima) do nível
cognitivo da turma e ambientes desorganizados e que favoreçam a dispersão, por
exemplo. Em outras ocasiões, as causas são emocionais. "Questões como a
morte de um familiar e a separação dos pais podem prejudicar a produção
escolar", diz José Salomão Schwartzman, neurologista especialista em
Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São
Paulo. Nesses casos, os sintomas geralmente são transitórios. Quando ocorre o
TDAH, eles se mantêm e são tão exacerbados que prejudicam a relação com os
colegas. Muitas vezes, o aluno fica isolado e, mesmo hiperativo, não conversa.
2. Só o médico dá o diagnóstico
Um levantamento realizado recentemente pela Unifesp aponta
que 36% dos encaminhamentos por TDAH recebidos no setor de atendimento
neuropsicológico infantil da instituição são originados da escola por meio de
cartas solicitando aos pais que procurem tratamento para o filho. "Em
muitos casos, o transtorno não se confirma", afirma Muszkat. A
investigação para o diagnóstico costuma ser bem detalhada. Hábitos, traços
pessoais e histórico médico são esquadrinhados para excluir a possibilidade de
outros problemas e verificar se os aspectos que marcam o transtorno estão mesmo
presentes. Como ocorre com a maioria dos problemas psicológicos (depressão,
ansiedade e síndrome do pânico, por exemplo), não há exames físicos que o
problema. Por isso, o TDAH é definido por uma lista de sintomas. Ao todo são 21
- nove referentes à desatenção, outros nove à hiperatividade e mais outros três
à impulsividade.
3. Nem todos precisam de remédio
Entre os anos de 2004 e 2008, a venda de medicamentos
indicados para o tratamento cresceu 80%, chegando a cerca de 1,2 milhão de
receitas, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Diversos especialistas criticam essa elevação, apontando-a como um dos sinais
da chamada "medicalização da Educação" - a ideia de tratar com remédios
todo tipo de problema de sala de aula. "Muitas vezes, o transtorno não é
tão prejudicial e iniciativas como alterações na rotina da própria escola, para
acolher melhor o comportamento do aluno, podem trazer resultados
satisfatórios", explica Schwartzwman. Quando a medicação é necessária, os
estimulantes à base de metilfenidato são os mais prescritos pelos médicos. Ao
elevar o nível de alerta do sistema nervoso central, ele auxilia na
concentração e no controle da impulsividade. O medicamento não cura, mas ajuda a
controlar os sintomas - o que se espera é que, juntamente com o acompanhamento
psicológico, as dificuldades se reduzam e deixem de atrapalhar a qualidade de
vida. Vale lembrar que o remédio é vendido somente com receita e, como outros
medicamentos, pode causar efeitos colaterais. Cabe ao médico avaliá-los.
4. O diálogo com a família é essencial
Em alguns casos, os professores conseguem participar das
reuniões com os pais e o médico. Quando isso não é possível, conversas com a
família e relatórios periódicos enviados para o profissional da saúde são
indicados para facilitar a comunicação. É importante lembrar ainda que não é
por causa do transtorno que professores e pais devem pegar leve com a criança e
deixar de estabelecer limites - a maioria das dificuldades gira em torno da
competência cognitiva, da falta de organização e da apreensão de informações, e
não da relação com a obediência. Durante os momentos de maior tensão, quando o
estudante está hiperativo, manter o tom de voz num nível normal e tentar estabelecer
um diálogo é a melhor alternativa. "Se o adulto grita com a criança, ambos
acabam se exaltando rápido e, em vez de compreender as regras, ela pode pensar
que está sendo rejeitada ou mal compreendida", diz Muszkat.
5. O professor pode ajudar (e muito)
Adaptar algumas tarefas ajuda a amenizar os efeitos mais
prejudiciais do transtorno. Evitar salas com muitos estímulos é a primeira
providência. Deixar alunos com TDAH próximos a janelas pode prejudicá-los, uma
vez que o movimento da rua ou do pátio é um fator de distração. Outra dica é o
trabalho em pequenos grupos, que favorece a concentração. Já a energia típica
dessa condição pode ser canalizada para funções práticas na sala, como
distribuir e organizar o material das atividades. Também é importante
reconhecer os momentos de exaustão considerando a duração das tarefas. Propor
intervalos em leituras longas ou sugerir uma pausa para tomar água após uma
sequência de exercícios, por exemplo, é um caminho para o aluno retomar o
trabalho quando estiver mais focado. De resto, vale sempre avaliar se as
atividades propostas são desafiadoras e se a rotina não está repetitiva. Esta,
aliás, é uma reflexão importante para motivar não apenas os estudantes com
TDAH, mas toda a turma.
INTERNET
Palestras online para educadores sobre o TDAH.
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