Vive Melhor Quem Sabe A Hora De Se
Afastar
E
então o tempo passa e tudo começa a ficar diferente do que era antes. As
pessoas mudam, outras vão embora, os ambientes tomam outras formas, o mundo
renova-se e, ali no meio disso tudo, ficamos nós, tentando nos equilibrar nesta
corda bamba que é a vida. Talvez por conta desse exterior em constante mudança,
sempre imprevisível, tentamos manter as coisas em ordem perto de nós, como se
precisássemos de alguma constância em meio a essa vida que chacoalha sem parar.
Infelizmente, se nos
prendermos a coisas e pessoas, depositando-lhes toda carga de responsabilidade
sobre nosso equilíbrio, necessitando de que tudo fique como e onde está,
sempre, apesar de tudo, haja o que houver, muito provavelmente estaremos
condenados a nos decepcionar fortemente. Haverá momentos em que tudo o que
parecia certo se desmorona e nada volta a ser como antes nem ninguém será como
já foi um dia. Para então sobrevivermos, teremos que ir, teremos que deixar ir,
sejam os momentos, sejam as coisas, as pessoas, os sentimentos.
Teremos que perceber quando
não formos mais parte de certos lugares, quando não mais precisarem de nós ali,
quando nossa presença não for requisitada, quando nosso amor não mais encontrar
terreno afetivo ao lado de quem foge ao nosso olhar. Porque haverá ambientes
que ficarão melhor sem nossa presença, haverá pessoas que desejarão nossa
distância, haverá vidas correndo com tranquilidade longe de nós. Ainda que não
seja fácil, será preciso nos afastar do que e de quem já caminha longe da gente.
Na verdade, mesmo que leve um
tempo, acabaremos chegando à conclusão de que tudo o que não nos requer e todos
que não nos chamam mais não nos farão falta alguma, pois o que não carrega
reciprocidade não vinga, não floresce, nada oferta nem acrescenta. Ficaremos
bem melhor longe do que não nos recebia com verdade. Muitas vezes, até, nosso
afastamento será providencial para que nossa ausência traga clareza quanto à
importância que temos, fazendo com que voltemos mais fortes junto ao que era
incerto e já não é mais.
Como se vê, embora relutemos
muito em nos desprender de algumas coisas e de certas pessoas que temos como
imprescindíveis, tomarmos a atitude de nos afastar do que já transbordou para o
lado errado, do que sufoca e apaga o nosso sorriso, de quem mal nos percebe e
pouco se importa, acabará por nos poupar de machucados e dissabores, pois é
assim que tomaremos de volta nosso amor-próprio, é assim que saberemos nos
valorizar antes de tudo. Sofrer com as rupturas nos fortalece e passa; sofrer
sem ter coragem de sair daquilo que causa dor nos diminui e não tem fim. A
escolha é só nossa.
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